“O fim último, causa final de desígnio dos homens (que amam
naturalmente a liberdade e o domínio sobre os outros), ao introduzir
aquela restrição sobre si mesmos sob a qual vemos viver nos Estados,
é o cuidado com sua própria conservação e com a vida mais satisfeita.
Quer dizer, o desejo de sair daquela mísera condição de guerra que é a
consequência necessária [...] das paixões naturais dos homens, quando
não há um poder visível capaz de os manter em respeito, forçando-os, por
medo do castigo, ao cumprimento de seus pactos e ao respeito aquelas
leis da natureza [...]”.
“Portanto todo homem, pelo ato de [concordar] [...] com outros em
formar um corpo político debaixo de um governo, se obriga para com
cada um dos membros dessa sociedade a se submeter à determinação
da maioria, e a ser governado por ela”.
Pela análise dos excertos, conclui-se que
a) o primeiro se refere às ideias anarquistas, uma vez que rejeita toda e qualquer
prática de governo constituído pela burguesia, concebendo-o, como justo,
se levar em conta os anseios e as reivindicações trabalhistas do conjunto
da sociedade.
b) o segundo refere-se às ideias liberais, uma vez que concebe o governo
como um corpo autônomo e dotado de amplos poderes, capaz de suprimir
as liberdades individuais em nome da vontade do governante (único capaz
de salvaguardar os interesses da sociedade).
c) ambos partem de pressupostos para conceber ideias sobre o governo: o
primeiro, absolutista, o entende como um corpo punitivo e autoritário; o
segundo, iluminista, o concebe como um corpo formado a partir das decisões
e das vontades da maioria.
d) ambos negam práticas coercitivas de poder, uma vez que, iluministas,
entendem o governo como uma entidade formada pelas decisões da maioria,
sendo suas leis e práticas elaboradas com o intuito de se evitarem conflitos
pelo poder entre seus membros.
e) o primeiro, absolutista, entende, por governo, um conjunto de regras e
práticas elaboradas pela sociedade; o segundo, iluminista, concebe o governo
como órgão fiscalizador, punitivo e autoritário, criado para se evitarem
conflitos que levem os homens ao estágio anterior à sociedade.