O escritor Mário de Andrade fez uma viagem em comitiva à
Amazônia e escreveu um diário sobre o périplo, que durou
de 13 de maio a 15 de agosto de 1927. Leia alguns trechos
desse diário.
Belém, 19 de maio.
Depois do jantar, sem que fazer, fomos todos ao cinema
ver a fita importante que os jornais e as pessoas anunciavam,
William Fairbanks em Não percas tempo, filme horrível.
Manaus, 7 de junho.
De-noite, sem que fazer, fomos ao cinema. Levavam com
grande barulho de anúncio William Fairbanks em Não percas
tempo.
Iquitos, 25 de junho.
Me esqueci de contar: ontem, passeando, passamos
pelo cinema local que com grande estardalhaço anunciava
ultimo dia do grande filme Não percas tempo com William
Fairbanks. É que o filme ia e vinha no navio conosco...
(Mário de Andrade. O turista aprendiz, 2002. Adaptado.)
De Belém a Iquitos, no Peru, Mário de Andrade refere-se
(A) ao isolamento cultural do espaço florestal, que resulta da
dificuldade de deslocamento na região.
(B) à influência da cultura norte-americana, que está presen-
te no cotidiano de diferentes cidades interligadas pelo
transporte fluvial.
(C) aos interesses econômicos internacionais, que exploram
a lucrativa indústria do entretenimento na região.
(D) ao processo de urbanização, que deriva dos incentivos
estatais ao desenvolvimento industrial na região.
(E) à permanência da economia extrativista, que extrapola
as fronteiras políticas dos países da região.