Nas alternativas abaixo transcrevem-se adaptações de comentários críticos
colhidos em bibliografia especializada. Todos referem-se à produção de Clarice
Lispector, EXCETO:
a)
A linguagem contém como que uma armadilha: a sua simplicidade
enganosa. Nem pela escolha dos vocábulos, nem por sua construção
frásica parece ultrapassar um tom de coloquialismo e de narração
sem surpresas.
É essa existência absurda, ameaçadora e estranha, revelando-se nos
indivíduos e a despeito deles, o único fundo permanente de encontro
ao qual as personagens se destacam e de onde tiram a densidade
humana que as caracteriza.
Em sua ficção, o cotidiano é, a partir de certo momento, completamente
desagregado.
Numa obra literária, para que o jogo da linguagem tenha a propriedade
reveladora, é necessário que a linguagem, além de ser instrumento
da ficção, seja também, de certo modo, o seu objeto, como de fato
ocorre nos textos da autora.
O mitopoético foi a solução romanesca adotada pela autora. Uma obra
de tão aguda modernidade que, paradoxalmente, se nutre de velhas
tradições, as mesmas que davam à gesta dos cavaleiros feudais a
aura do convívio com o sagrado e o demoníaco.