Quando se consideram para análise os lugares onde
realizamos atividades corriqueiras, banais, do dia a dia, com
os quais temos intimidade, as zonas de sombra do objeto
não se revelam com facilidade, porque a própria evidência
do aparente seduz tanto que obscurece nossa leitura, nos-
so entendimento do que está oculto, daquilo que é da mais
profunda essência do objeto. Na sociedade urbanizada, os
lugares onde se realizam as trocas de mercadorias parecem,
hoje, especialmente afeitos a refletir luzes que, embora não
ceguem, podem impedir-nos de ver com clareza do que real-
mente se trata.
(Silvana Maria Pintaudi. “O consumo do espaço de consumo”.
In: Marcio Pifion de Oliveira et al (orgs.). O Brasil,
a América Latina e o mundo, 2008.)
As intencionalidades dos objetos e os espaços de consumo
tratados no excerto se relacionam, dentre outros fatores, com
(A) a reprodução do capital e as estratégias de controle do
mercado.
(B) a acumulação de bens de produção e a revolução tecno-
lógica nas indústrias.
(C) a redistribuição de renda e a aplicação de técnicas do
geomarketing.
(D) o artifício da obsolescência programada e a função social
da propriedade.
(E) o superávit das balanças comerciais e as políticas de
compartilhamento de produtos.