Ao analisar os sistemas de classificação que garantem a preeminência da mão direita, o sociólogo
Robert Hertz, aluno de Durkheim, afirma:
Portanto, não é porque seja fraca, ou sem poder, que a mão esquerda é desprezada: o contrário é
verdade. Esta mão é submetida a uma verdadeira mutilação, que apesar disso não é marcada porque afeta a
função e não a forma externa do órgão, porque é fisiológico e não anatômica. Os sentimentos de um canhoto,
numa sociedade atrasada, são análogos àqueles de um homem não circuncisado em sociedades nas quais a
circuncisão é lei. O fato é que não se aceita ou se cede à desteridade como uma necessidade natural: ela é um
ideal ao qual todos precisam conformar-se e o qual a sociedade nos força a respeitar por meio de sanções
positivas.
HERTZ, Robert. A preeminência da mão direita: um estudo sobre a polaridade religiosa. Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, v. 6, p. 99-127, 1980.
Essa passagem demonstra a influência da teoria de Durkheim, considerando que Robert Hertz, autor
do trecho,
A) leva em conta o papel da coerção social como força originada pela livre associação entre indivíduos.
B) denuncia o caráter arbitrário e preconceituoso dos fatos sociais, causador da anomia social.
C) alinha-se à ideia de que os valores e representações sociais podem ser analisados objetivamente, a partir
da dinâmica social.
D) concebe a vida social como uma entidade superior e perfeita, embora subordinada à dimensão biológica.