“Em fevereiro de 1709, Antonio de Almeida Pereira,
morador da freguesia de N. S. de Nazaré, no sertão da
Bahia, denunciou que, havia 3 ou 4 anos que naquele lugar
Vicente Barboza, homem pardo, natural e morador na
fazenda de Francisco Barreto [...] fazia coisas contra o
divino culto e graves ofensas a Deus [...] como fazer altar
em sua casa e em outras mais e de biju fazia a hóstia,
aplicando-a a sua mulher estando ela enferma e orava a ela
repetidas vezes, na sua casa e na de outros lavradores”.
(Arquivo Nacional Torre do Tombo, Inquisição de Lisboa)
“Portugal, a partir do século XVI, havia se lançado numa
expansão ultramarina para a África, o Brasil, o Oceano
Índico e além, chegando à China e ao Japão. Essa
experiência comercial e expansionista, de contato e
conflito, causou um impacto na estrutura mental da
sociedade portuguesa, criando algumas | atitudes
inesperadas. Tal como a existência de minorias culturais
ou religiosas dentro de Portugal, os contatos culturais no
além-mar tinham um potencial de despertar intolerância e
confrontos violentos, mas também apontavam para um
possível convívio com povos de outros hábitos e
costumes”.
SCHWARTZ, S. Cada um na sua lei. São Paulo, Bauru, Companhia das
Letras, Edusc, 2009, p. 148-149. Adaptado.
Considerando os textos acima, sobre a religiosidade
portuguesa no período colonial, é CORRETO afirmar:
a) A doutrina da Reforma Protestante relativizou as
crenças em Portugal e nas colônias, pois buscava o
retorno ao cristianismo primitivo e outorgava maior
importância ao aspecto interior que exterior da religião.
b) A sociedade portuguesa, como a sociedade colonial,
apresentava elementos de profunda religiosidade e
também de ocasional heterodoxia ou de dissidência
religiosa, que levou a atitudes consideradas heréticas.
e) O convívio com o islamismo e com outras religiões,
presentes nas regiões do império português, levou a um
tipo de universalismo religioso ou relativismo das
crenças e costumes nas colônias.
d) A religiosidade colonial era diferente da cristandade
romana devido a sua excentricidade em relação a
Roma, gerando lacunas que foram ocupadas pelo
pensamento reformado.
e) A sociedade portuguesa, como a sociedade colonial,
não incorporou formas populares de religiosidade e
permaneceu profundamente marcada pela ortodoxia
romana.