“Como poderia algo nascer de seu oposto? Por exemplo, a verdade do erro? Ou a vontade de verdade,
da vontade de engano? Ou a ação não-egoísta, do egoísmo? [...] Tal gênese é impossível: quem sonha com
ela é um parvo, e mesmo pior que isso: as coisas de supremo valor têm de ter uma outra origem, uma origem
própria — desse mundo perecível, aliciante, enganoso, mesquinho, desse emaranhado de ilusão e apetite é
impossível deduzi-las? Pelo contrário, é no seio do ser, no imperecível, no Deus escondido, na 'coisa em si' —
é ali que tem de estar seu fundamento, ou em nenhuma outra parte! Esse modo de julgar constitui o típico
preconceito pelo qual se reconhecem os metafisicos de todos os tempos. [...]”
NIETZSCHE, Friedrich. Para além do bem e do mal. Coleção Os Pensadores. Tradução:
Rubens. R. T. Filho. São Paulo: Nova Cultural, p. 303. (Adaptado)
Conforme o texto nietzschiano, é correto afirmar, EXCETO, que
A) o Deus escondido e a coisa em si são, para os metafísicos, alguns dos fundamentos da moral.
B) sua filosofia questiona toda moral cujos fundamentos tenham origem própria, como Deus.
C) a moral, proposta pelos metafísicos, nasce, por exemplo, do mundo perecível e mesquinho.
D) os metafísicos acreditam que a origem da moral tem de estar no ser ou na coisa em si mesma.