Os hunos excedem em ferocidade e barbárie tudo quanto é possível imaginar de bárbaro e feroz. Sob uma
forma humana, vivem em estado de animais. Alimentam-se de raízes de plantas silvestres e de carne meio
crua, macerada entre suas coxas e o lombo de suas cavalgaduras. Suas vestimentas consistem em uma
túnica de linho e jaqueta de peles de ratazana selvagem. A túnica é de cor escura e apodrece no corpo.
Cobrem-se com um gorro e envolvem as pernas com pele de bode. Quando cavalgam, acredita-se estarem
pregados em suas montarias, pequenas e feias, mas infatigáveis e rápidas como relâmpagos. Passam sua
vida a cavalo; a cavalo se reúnem em assembleias, compram, vendem, bebem, comem e até dormem as
vezes. Nada se iguala à destreza com que lançam, a distância prodigiosa, suas flechas armadas de ossos
afiados, tão duros e mortíferos como o ferro.
(Res gestae, XXXI, 2).
(Ammiano Marcelino. Res Gestae XXXI, 2, 1-11. Apud GUERRAS, M. S. Os povos bárbaros. São Paulo, Ática, 1991. p. 41-42.)
A presença de populações germânicas do norte da Europa, consideradas bárbaras, era percebida pelos roma-
nos desde muito cedo. No entanto, é apenas no século V d.C. que ocorre uma entrada maciça de tais povos em
terras romanas, como os hunos, descritos no texto.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, relacione a invasão dos bárbaros com o processo de
desagregação do Império Romano, apontando seus aspectos políticos, econômicos e sociais.