A borboleta
Cada vez que o poeta cria uma borboleta, o leitor
exclama: “Olha uma borboleta” O crítico ajusta os
nasóculos e, ante aquele pedaço esvoaçante de vida,
murmura: — Ah!, sim, um lepidóptero...
Mário Quintana, Caderno H.
nasóculos = óculos sem hastes, ajustáveis ao nariz.
Depreende-se desse fragmento que, para Mário
Quintana,
a) acrítica de poesia é meticulosa e exata quando acolhe
e valoriza uma imagem poética.
b) uma imagem poética logo se converte, na visão de um
crítico, em um referente prosaico.
c) o leitor e o poeta relacionam-se de maneira antagônica
com o fenômeno poético.
d) o poeta e o crítico sabem reconhecer a poesia de uma
expressão como “pedaço esvoaçante de vida”.
e) palavras como “borboleta” ou “lepidóptero” mostram
que há convergência entre as linguagens da ciência e
da poesia.