Não nos esqueçamos de que este é um tempo de abertura.
Vivemos sob o signo da anistia que é esquecimento, ou devia
ser. Tempo que pede contenção e paciência. Sofremos todo
impeto agressivo. Adocemos os gestos. O tempo é de perdão.
(...) Esqueçamos tudo isto, mas cuidado! Não nos
esqueçamos de enfrentar, agora, a tarefa em que
fracassamos ontem e que deu lugar a tudo isto. Não nos
esqueçamos de organizar a defesa das instituições
democráticas contra novos golpistas militares e civis para
que em tempo algum do futuro ninguém tenha outra vez de
enfrentar e sofrer, e depois esquecer os conspiradores, os
torturadores, os censores e todos os culpados e coniventes
que beberam nosso sangue e pedem nosso esquecimento.
Darcy Ribeiro. “Réquiem”, Ensaios insólitos.
Porto Alegre: L&PM, 1979.
O texto remete à anistia e à reflexão sobre os impasses da
abertura política no Brasil, no período final do regime militar,
implantado com o golpe de 1964. Com base nessas
referências, escolha a alternativa correta.
a) A presença de censores na redação dos jornais somente
foi extinta em 1988, quando promulgada a nova
Constituição.
b) O projeto de lei pela anistia ampla, geral e irrestrita foi
uma proposta defendida pelos militares como forma de
apaziguar os atos de exceção.
c) Durante a transição democrática, foram conquistados o
bipartidarismo, as eleições livres e gerais e a convocação
da Assembleia Constituinte.
d) A lei de anistia aprovada pelo Congresso beneficiou
presos políticos e exilados, e também agentes da
repressão.
e) O esquecimento e o perdão mencionados integravam a
pauta da Teologia da Libertação, uma importante diretriz
da Igreja Católica.