Vivemos numa forma de governo que não se baseia nas instituições de nossos vizinhos; ao contrário, servimos
] Nela, enquanto no tocante às leis todos são iguais para a
de modelo a alguns, ao invés de imitar outros.
solução de suas divergências privadas, quando se trata de escolher (se é preciso distinguir em algum setor), não
é fato de pertencer a uma classe, mas o mérito, que dá acesso aos postos mais honrosos; inversamente, a
pobreza não é razão para que alguém, sendo capaz de prestar serviços à cidade, seja impedido de fazê-lo pela
obscuridade de sua condição. Conduzimo-nos liberalmente em nossa vida pública, e não observamos com uma
curiosidade suspicaz [desconfiada] a vida privada de nossos concidadãos, pois não nos ressentimos com nosso
vizinho se ele age como lhe apraz, nem o olhamos com ares de reprovação que, embora inócuos, lhe causariam
desgosto. Ao mesmo tempo que evitamos ofender os outros em nosso convívio privado, em nossa vida pública
nos afastamos da ilegalidade principalmente por causa de um temor reverente, pois somos submissos às
autoridades e às leis, especialmente âquelas promulgadas para socorrer os oprimidos e às que, embora não
escritas, trazem aos agressores uma desonra visível a todos.
Oração fúnebre de Péricles, 430 a.C., in Tucí ra do Peloponeso. Brasília: Editora UnB, 2001, p. 109. Adaptado.
a) Com base nas informações contidas no texto, identifique o sistema político nele descrito e indique suas
principais características.
b) Identifique a cidade que foi a principal adversária de Atenas na Guerra do Peloponeso e diferencie os
sistemas políticos vigentes em cada uma delas.