Considere o excerto abaixo, no qual o narrador de A cidade e as serras, de Eça de Queirós, contempla a cidade
de Paris.
(..) E por aquela doce tarde de maio eu saí para tomar no terraço um café cor de chapéu-coco, que sabia
afava.
Com o charuto aceso contemplei o Boulevard, âquela hora em toda a pressa e estridor da sua grossa
sociabilidade. A densa torrente dos ônibus, calhambeques, carroças, parelhas de luxo, rolava vivamente, com
toda uma escura humanidade formigando entre patas e rodas, numa pressa inquieta. Aquele movimento
indescontinuado e rude depressa entonteceu este espírito, por cinco quietos anos afeito à quietação das serras
imutáveis. Tentava então, puerilmente, repousar nalguma forma imóvel, ônibus que parara, fiacre que estacara
num brusco escorregar da pileca; mas logo algum dorso apressado se encafuava pela portinhola da tipoia, ou
um cacho de figuras escuras trepava sofregamente para o ônibus — e, rápido, recomeçava o rolar retumbante.
a) No trecho “com toda uma escura humanidade formigando entre patas e rodas”, pode-se reconhecer a
marca de qual escola literária? Justifique sucintamente sua resposta.
b) Tendo em vista que contemplar significa “fixar o olhar em (alguém, algo ou si mesmo), com encantamento,
com admiração” (Dicionário Houaiss) ou “olhar, observar, atenta ou embevecidamente”
(Dicionário Aurélio), qual é a experiência vivida pelo narrador, no excerto, e que sentido ela tem no
contexto da época em que se passa a história narrada no romance?