“Ao usurário, a Igreja e os poderes laicos diziam: “Escolha: a bolsa ou a vida!. Mas o
usurário pensava: o que eu quero é “a bolsa e a vida”. Os usurários impenitentes que, no momento da
morte, preferiam não restituir o dinheiro mal adquirido ou mesmo leva-lo consigo para a morte zombando
do Inferno que lhes era prometido, devem ter sido apenas uma minoria. Pode-se mesmo perguntar se não
se tratava de usurários imaginados pela propaganda eclesiástica para melhor divulgar sua mensagem. Tal
atitude seria explicada apenas pela descrença, e o descrente do século XIII aparece mais como uma
hipótese do que como um personagem real.” (GOFF, Jacques le. A bolsa e a vida: a usura na Idade Média.
São Paulo: Brasiliense, 1989)
Assinale das alternativas abaixo aquela que podemos considerar correta em relação ao que afirma o
historiador medievalista:
A) Anteriormente ao século XIII, numa sociedade de cristianização incompleta, a religião tinha imposto sua lei,
mas não tinha penetrado em todas consciências. Havia homens e mulheres que se entregavam à busca dos bens
mundanos, arrastados ao pecado pela atração dos gozos terrestres
B) O cristianismo medieval europeu, anterior ao século XIII, era intolerante e obrigava os laicos a viverem como
“santos”, devendo fazer penitência e respeitar a religião, enquanto os clérigos, especialmente os monges, viviam
do pecado da usura.
C) Os laicos medievais europeus dos séculos anteriores ao século XIII viviam em um estado permanente de
natureza selvagem incentivado pela Igreja, reis e imperadores, como forma de limitar o número de contemplados
para um lugar no paraíso.
D) Para os poderosos medievais anteriores ao século XIII Deus estava longe e o mundo próximo, duro,
atormentado pela fome, doenças e guerras, enquanto os laicos pobres davam graças a Deus e a salvação.
E) Por volta do ano mil, estabeleceu-se o Feudalismo na Europa e com ele aumentaram as injustiças e as
desigualdades, enquanto a Igreja abandonou a ideia de cristianizar a sociedade e procurou desmistificar a ideia
de existência do Diabo.