Na verdade, os datilógrafos providenciavam as cópias
de um documento redigido por Golbery do Couto e
Silva. Distribuídos aos quartéis e à imprensa na manhã
do dia seguinte, os papéis levavam as assinaturas de
Costa e Silva, Décio Palmeiro de Escobar e Castello
Branco, sob o título “Manifesto dos generais da
Guanabara”: “Em ostensivo conluio com notórios
elementos comunistas, [...] o presidente João Goulart
vem-se colocando na mais flagrante ilegalidade,
através de sucessivos atentados à prática justa do
regime democrático”, dizia o texto, que por quatro
vezes repetiria a cantilena da preservação da
democracia como justificativa para o golpe. (...)
“Coesos e unidos, restauremos a legalidade, como é o
nosso dever, assegurando a plena vigência do regime
democrático”, prometia o manifesto, datado do dia 1º
de abril.
Adaptado de LIRA NETO. Castello: a marcha para a
ditadura. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
O golpe de Estado que depôs o presidente João
Goulart em 1964 foi articulado sob a justificativa de
que as ações do presidente ameaçavam a democracia.
Nesse contexto, o combate ao comunismo tinha a
função de
a) assegurar a defesa da democracia contra a
subversão da ordem econômica e social, a partir de
orientações de Moscou acatadas pelo presidente
Goulart.
b) garantir a democracia como um regime plural no
Brasil, com respeito à diversidade de ideias e de
organização política.
c) possibilitar a autonomia do governo brasileiro no
contexto da Guerra Fria quanto às pretensões da União
Soviética e dos Estados Unidos.
d) justificar o golpe de Estado de 1964 como uma
ação necessária para restaurar a legalidade quebrada
pelo governo do presidente Goulart.
e) impedir que os comunistas assumissem o poder no
Brasil utilizando o governo do presidente Goulart para
implantar o comunismo.