Todo processo de industrialização é necessariamente
doloroso, porque envolve a erosão de padrões de vida tra-
dicionais. Contudo, na Grã-Bretanha, ele ocorreu com uma
violência excepcional, e nunca foi acompanhado por um senti-
mento de participação nacional num esforço comum. Sua única
ideologia foi a dos patrões. O que ocorreu, na realidade, foi
uma violência contra a natureza humana. De acordo com uma
certa perspectiva, esta violência pode ser considerada como
o resultado da ânsia pelo lucro, numa época em que a cobi-
ça dos proprietários dos meios de produção estava livre das
antigas restrições e não tinha ainda sido limitada pelos novos
instrumentos de controle social. Não foram nem a pobreza,
nem a doença os responsáveis pelas mais negras sombras que
cobriram os anos da Revolução Industrial, mas sim o próprio
trabalho.
(Edward P. Thompson. 4 formação da classe operária inglesa,
vol. 2. 1987. Adaptado.)
O texto afirma que a Revolução Industrial
(A) aumentou os lucros dos capitalistas e gerou a convicção
de que era desnecessário criar mecanismos de defesa e
proteção dos trabalhadores.
(B) provocou forte crescimento da economia britânica e, de-
vido a isso, contou com esforço e apoio plenos de todos os
segmentos da população.
(C) representou mudanças radicais nas condições de vida e
trabalho dos operários e envolveu-os num duro processo
de produção.
(D) piorou as condições de vida e de trabalho dos operários,
mas trouxe o benefício de consolidar a ideia de que o tra-
balho enobrece o homem.
(E) preservou as formas tradicionais de sociabilidade operá-
ria, mas aprofundou a miséria e facilitou o alastramento
de epidemias.