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a
PAN OPTICON
Projeto do pandptico, novo modelo de vigilancia, pro-
posto por Jeremy Bentham no final do século XVIII,
para ser utilizado em presídios e outros espaços que
exigissem controle rigoroso.
Presídio da Ilha de Pinos, em Cuba, construído no final da década de
1920, a partir do modelo do panóptico, e hoje abandonado.
(https://medium.com)
O princípio é: na periferia, uma construção em anel;
no centro, uma torre; esta possui grandes janelas que se
abrem para a parte interior do anel. A construção periférica
é dividida em celas, cada uma ocupando toda a largura da
construção. Estas celas têm duas janelas: uma abrindo-se
para o interior, correspondendo às janelas da torre; outra,
dando para o exterior, permite que a luz atravesse a cela
de um lado a outro. Basta então colocar um vigia na torre
central e em cada cela trancafiar um louco, um doente, um
condenado, um operário ou um estudante. Devido ao efeito
de contraluz, pode-se perceber da torre, recortando-se na
luminosidade, as pequenas silhuetas prisioneiras nas celas
da periferia. Em suma, inverte-se o princípio da masmorra;
a luz e o olhar de um vigia captam melhor que o escuro que,
no fundo, protegia. [...]
As mudanças econômicas do século XVIII tornaram
necessário fazer circular os efeitos do poder por canais cada
vez mais sutis, chegando até os próprios indivíduos, seus cor-
pos, seus gestos, cada um de seus desempenhos cotidianos.
Que o poder, mesmo tendo uma multiplicidade de homens a
gerir, seja tão eficaz quanto se ele se exercesse sobre um
só. [...] Bentham [...] coloca o problema da visibilidade, mas
pensando em uma visibilidade organizada inteiramente em
torno de um olhar dominador e vigilante. Ele faz funcionar o
projeto de uma visibilidade universal, que agiria em proveito
de um poder rigoroso e meticuloso.
(Michel Foucault. Microfísica do poder, 1979.)
O projeto do panóptico de Bentham associou-se, na origem,
(A) à lógica do individualismo e da racionalidade difundidos
no Iluminismo, e hoje manifesta-se indiretamente no uso
sistemático de câmeras de segurança para a vigilância
do cotidiano.
(B) à defesa do igualitarismo social proposta pelos formula-
dores das doutrinas socialistas, e hoje manifesta-se nos
projetos arquitetônicos de prisões e quartéis desenvolvi-
dos nos países comunistas.
(C) ao predomínio da visão sobre os outros sentidos nas
sociedades orientais tradicionais, e hoje expressa-se na
presença de aparelhos de televisão na maioria das resi-
dências e dos estabelecimentos comerciais.
(D) ao esforço de centralização do poder no âmbito do abso-
lutismo monárquico e da formação dos Estados moder-
nos, e hoje expressa-se na ação repressiva e controla-
dora dos regimes totalitários.
(E) à luta pela democratização nas sociedades ocidentais
contemporâneas, e hoje manifesta-se no amplo direito de
acesso à informação e à expressão proporcionado pela
internet e pelas redes sociais.