“O homem é o lobo do homem” é uma das frases mais repetidas por aqueles que se referem a Hobbes. Essa máxima
aparece coroada por uma outra, menos citada, mas igualmente importante: “guerra de todos contra todos”. Ambas são fiun-
damentais como síntese do que Hobbes pensa a respeito do estado natural em que vivem os homens. O estado de natureza é o
modo de ser que caracterizaria o homem antes de seu ingresso no estado social. O altruísmo não seria, portanto, natural. No
estado de natureza o recurso à violência generaliza-se, cada qual elaborando novos meios de destruição do próximo, com o
que a vida se torna “solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta, na qual cada um é lobo para o outro, em guerra de todos
contra todos”. Os homens não vivem em cooperação natural, como fazem as abelhas e as formigas. O acordo entre elas é
natural; entre os homens, só pode ser artificial. Nesse sentido, os homens são levados a estabelecer contratos entre si. Para
o autor do Leviatã, o contrato é estabelecido unicamente entre os membros do grupo, que, entre si, concordam em renunciar
a seu direito a tudo para entregá-lo a um soberano capaz de promover a paz. Não submetido a nenhuma lei, o soberano ab-
soluto é a própria fonte legisladora. A obediência a ele deve ser total.
(João Paulo Monteiro. Os Pensadores, 2000.)
Caracterize a diferença entre estado de natureza e vida social, segundo o texto, e explique por que a é atribuída a Hobbes a
concepção política de um “absolutismo sem teologia”.