Ainda não é possível a um português falar, sem estreme-
cer de indignação, do regime que oprimiu Portugal durante
quase meio século e que é responsável pelo seu imobilis-
mo e pelo seu atraso em relação à Europa, assim como das
guerras coloniais sem saída que tão fortemente marcaram o
último decênio, conduzindo-o ao mais completo isolamento.
[..] O Portugal democrático, progressista, aberto à Europa,
que estamos em vias de construir, coletivamente, depois da
revolução libertadora de 25 de Abril, no seio de inúmeras
contradições e de grandes dificuldades, tem necessidade de
possuir uma visão clara do seu passado recente que tanto o
marcou e continua a marcar. É o único meio de exorcizar os
demônios desses anos [...].
(Mário Soares. “Prefácio”. In: Jacques Georgel. O salazarismo, 1985.)
O texto contrapõe
(A) a dificuldade de Portugal participar de organismos inter-
nacionais durante o salazarismo ao ingresso, nos anos
1980, na Organização das Nações Unidas.
(B) a experiência comunista que paralisou a economia portu-
guesa por meio século ao esforço de redemocratização e
industrialização do chamado Estado Novo.
(C) o passado de conquistas e possessões no além-mar às
lutas de independência nas colônias da África e Ásia, en-
tre as décadas de 1930 e 1980.
(D) a autonomia política e econômica durante a fase dita-
torial à submissão portuguesa, no período democrático,
aos interesses britânicos e franceses.
(E) o período de regime fascista ao projeto da chamada Re-
volução dos Cravos que, entre outras ações, contribuiu
para o fim do domínio colonial português.