Considere a citação abaixo, do livro organizado por Ricardo Antunes e Ruy Braga:
“À utilização intensiva das novas tecnologias da informação e da comunicação (TICs) nas grandes empresas decorre da suma
relevância que a inovação passou a ter no quadro de intensa competitividade engendrado pela quebra dos monopólios estatais
e com o advento das políticas neoliberais que assolaram todo o mundo capitalista nos anos 1990. Com efeito, a convergência
tecnológica entre a informática e as redes de telecomunicações, a telemática, foi altamente otimizada com a privatização deste
setor, que passou assim a ser concebido e efetivado como um bem de capital dos mais cruciais do capitalismo contemporâneo.
Em uma economia mundializada, é pelas redes telemáticas que toda sorte de informações estratégicas, isto é, aquelas relativas
as últimas tendências de consumo e tecnologia de produção, podem chegar mais rapidamente de todos os cantos do mundo
a grandes empresas-rede, cuja característica mais fundamental é ter suas cadeias de produção espalhadas nos mais diferentes
pontos do planeta. Com isso, para além de uma coisa tangível, a concepção de mercadoria se alarga e consubstancia-se em
ideias e imagens que podem se materializar tanto em novas mercadorias como em estratégias de marketing. Essa é a grande
novidade trazida pela tecnologia digital: a possibilidade de se manipular e transformar as informações tal como se fazia com as
matérias-primas da dimensão material, o que permite ao capitalismo de hoje transformar e explorar mercadorias não só no
plano material, mas também no plano imaterial”.
(VVOLFF, Simone. “O trabalho informacional e a reificação da informação sob os novos paradigmas organizacionais”. In: ANTUNES, Ricardo;
BRAGA, Ruy. Infoproletários: degradação real do trabalho virtual. São Paulo: Boitempo, 2009, p. 90.)
A partir do excerto, como podemos diferenciar o capitalismo material do capitalismo imaterial com a abrangência
crescente das tecnologias de informação?