Leia estes dois trechos:
E há de se entender o seguinte: que um príncipe [...] não pode observar todas as coisas a
que são obrigados os homens considerados bons, sendo frequentemente forçado, para manter
o governo. a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião. [...] Nas ações de todos os
homens. máxime dos príncipes. onde não há tribunal para que recorrer. o que importa é o êxito
bom ou mau. Procure. pois, um principe vencer e conservar o Estado. Os meios que empregar
serão sempre julgados honrosos e louvados por todos. porque o vulgo é levado pelas aparências
e pelos resultados dos fatos consumados [...]
MAQUIAVEL, O Príncipe. Trad. L. Xavier. In: Os Pensadores.
“São Paulo: Editora Abril, 1979, XVII, pp. 74-75.
Num combate da guerra civil contra Cina, um soldado de Pompeu. tendo matado
involuntariamente o irmão, que era do partido contrário. ali mesmo matou-se de vergonha e
tristeza: e alguns anos depois, numa outra guerra civil desse mesmo povo, um soldado, por
haver matado o irmão. pediu recompensa a seus comandantes. Explicamos mal a honestidade e
a beleza de uma ação por meio de sua utilidade: e concluímos mal ao estimar que todos estejam
obrigados a ela e que ela seja honesta para todos se for útil.
MONTAIGNE, Os Ensaios. Trad. R. C. Abilio. São Paulo:
Martins Fontes, 2001, IT, 1, p. 25.
Nos dois trechos, os filósofos, que viveram no início da Era Moderna, propóem duas perspectivas
distintas — a da vida política e a da vida privada —, para a apreciação do valor das ações humanas.
Cada uma dessas duas perspectivas gera, por sua vez, critérios distintos de avaliação
A partir da leitura dos dois trechos transcritos, REDIJA três textos,
A) um, contrastando as duas perspectivas propostas
B) um, identificando os critérios que cada um dos dois autores adota para avaliar as ações
humanas.
C)um, argumentando a favor de ou contra a possibilidade de se conciliarem as duas
perspectivas.