Leia o Texto V para responder à questão 19
Texto V
Homens de luta:
André Rebouças (1838-1898): Filho do
Conselheiro Antônio Pereira Rebouças, político e
advogado mulato, e de Carolina Pinto Rebouças,
nasceu na Bahia, mudou-se para a Corte e formou-
se em Engenharia. Em visita aos EUA nos anos de
1870 revoltou-se com a segregação racial e mais
tarde aderiu à Sociedade Brasileira Contra a
Escravidão e a Confederação Abolicionista.
José do Patrocínio (1854-1905): Filho do
padre e dono de escravos João Carlos Monteiro e de
sua escrava Justina do Espírito Santos nasceu em
Campos do Goitacazes, no Rio de Janeiro. Optou
pelo jornalismo, embora tenha se formado
farmacêutico. Atuou em periódicos abolicionistas
como a Gazeta de Notícias e Gazeta da Tarde. Em
1883 lançou o Manifesto da Confederação
Abolicionista e ao lado de Joaquim Nabuco fundou a
Sociedade Brasileira contra a Escravidão.
Luiz Gama (1830-1882): Nasceu em Salvador,
filho de um fidalgo português com uma negra Luiza
Mahin. Apesar de livre, seu pai o vendeu como
escravo em São Paulo. Foi escrivão, poeta, jornalista
e “advogado” dos escravos, sem diploma. Tinha
apenas uma provisão do governo. Em 1881, criou a
Caixa Emancipadora Luiz Gama para a compra de
alforrias.
Francisco de Paula Brito (1809-1861):
Carioca, filho de carpinteiro, nunca foi à Escola, mas
tornou-se poeta, tradutor, jornalista, editor e livreiro
famoso, a ponto de D. Pedro II imprimir todo o
material oficial em suas oficinas. Em 1833, publica O
homem de cor, considerado um dos primeiros jornais
a discutir o preconceito racial.
(MATTOS, Hebe Maria. A face negra da abolição. In Revista História,
ano 2, n.19, maio de 2005. P. 20).
19. Os breves relatos no Texto V informam aspectos
biográficos de homens que lutaram a favor das
ideias abolicionistas, a partir dos quais se infere
que:
O o fim da escravidão resultou da articulação
política entre simpatizantes da ideologia
americana no tocante à igualdade civil dos
homens e dos ideais franceses de liberdade
defendidos por jovens brancos de classe
social privilegiada economicamente que eram
jornalistas, bacharéis, poetas e militares
conforme aponta o Texto V.
O as ideias abolicionistas se limitaram ao
restrito círculo dos intelectuais menos
populares, como o dos jornais, onde
trabalhou Luiz Gama, considerado o
“advogado” dos escravos e cujas ideias
favoreceram a reflexão, a divulgação e o
amadurecimento de estratégias de compra de
escravos com o intuito de alforriá-los.
O a presença de donos de escravos como a do
pai de José do Patrocínio fortaleceu a luta em
favor da abolição pois, nestes casos, os laços
de solidariedade entre proprietários e negros
forros contribuíram para aumentar a pressão
sobre o Estado, até que foi promulgada a lei
Aurea.
O os jornais foram importantes veículos de
comunicação dos ideais de liberdade, embora
ainda estivessem sob a guarda de D. Pedro II,
que encomendava o material gráfico do
Império em uma das tipografias
abolicionistas, retardando a publicação da Lei
que garantia aos escravos os mesmos direitos
dos cidadãos.
O a abolição declarada na Lei Áurea, em 13 de
maio de 1888, é devedora da luta de homens
que, em suas vivências, expressaram suas
ideias em publicações que discutiam o
preconceito, como foi o caso de Francisco de
Paula Brito, e que se indignavam com
situações de segregação social, como foi o
caso de André Rebouças.