O mundo contemporâneo, como sabemos, é constituído pela busca de prazer em todos os seus aspectos. O prazer
exacerbado já era pensado pelos antigos, entre eles, o pensador Epicuro que nos deixou uma bela reflexão, em forma de
carta, dedicada ao seu amigo Meneceu para que esse refletisse sobre o prazer. Expõe ele:
Quando dizemos que o prazer é a meta, não nos referimos aos prazeres dos depravados e dos bêbados,
como imaginam os que desconhecem nosso pensamento ou nos combatem ou nos compreendem
mal, e sim à ausência de dor psíquica e à ataraxia* da alma. Não são com efeito as bebedeiras e as festas
ininterruptas, nem o prazer que proporcionam os adolescentes e as mulheres, nem comer peixes e tudo
mais que uma rica mesa pode oferecer que constituem a fonte de uma vida feliz, mas aquela sóbria
reflexão que examina a fundo as causas de toda escolha e de toda recusa e que rejeita as falsas opiniões,
responsáveis pelas grandes perturbações que se apoderam da alma. Princípio de tudo isso e bem supremo
é a prudência. Por isso, ela é ainda mais digna de estima do que a filosofia.
Fonte: EPICURO Apud MORAES, 1998.
*ataraxia: para os epicuristas é a completa ausência de perturbações da alma causado pelas paixões, desejos e inclinações sensórias, ou
seja, estado de imperturbabilidade da alma.
Tomando como base a Carta a Meneceu, explique se existe uma relação entre prazer e prudência.