Leia o trecho do romance Dois irmãos, de Milton Hatoum.
A velhice ainda estava longe, e a amargura, se exis-
tia, Rânia sabia esconder. Escondia muitas coisas: seus
pensamentos, suas ideias, seu humor e mesmo uma
boa parte do corpo, que eu nunca deixei de admirar. No
entanto, era uma virtuose nas questões mais prosaicas, e
nisso ela me ajudava. Dá pena pensar que ela só usava
aquelas mãos morenas de dedos longos e perfeitos para
trocar uma lâmpada, consertar uma torneira ou desentupir
um ralo.
(Dois irmãos, 2000.)
Na visão do narrador, Rânia é uma mulher
(A) amargurada, que se mostrava insatisfeita com o tipo
de serviço que realizava.
(B) madura, cuja beleza se perdeu durante anos dedica-
dos ao trabalho pesado.
(C) frágil, que aparentava ser bem mais jovem do que
deveria ser na realidade.
(D) atraente, com notáveis habilidades para a execução
de tarefas domésticas.
(E) bela, que, no entanto, se considerava feia e mantinha
o corpo escondido.