“Ao lado dos sinos dos conventos e das igrejas, destinados a soar e a
impor as horas canônicas dos ofícios religiosos, aparecem os sinos laicos,
sobretudo utilizados para a proclamação do tempo do trabalho (início,
interrupções e fim). Nas cidades do nordeste da Europa, importante região
têxtil, os novos sinos opõem à autoridade dos campanários da igreja a
altivez das torres que os desafiam. Em face do tempo da Igreja, afirma-se
o tempo do mercador, senhor do processo de trabalho”.
Dicionário temático do Ocidente Medieval, v II, p.163
O texto aponta
a)
b)
d)
os erros de certas análises historiográficas a respeito das concepções
medievais de tempo e de trabalho. De forma precipitada, tais análises tendem
a considerar a Igreja detentora absoluta de tais concepções, durante toda a
Idade Média, demonstrando a falta de análises históricas empíricas.
que as estruturas e as mentalidades medievais não sofreram transformações
substanciais. De fato, como apontado no texto, as ideias acerca do trabalho
e do tempo continuaram as mesmas durante o período, demonstrando que
mentalidades não se alteram rapidamente.
para as transformações processadas na Idade Média acerca do papel regulador
da Igreja e do mercador. Aquela atenta à nova realidade, adaptando-se cada
vez mais; este, senhor do comércio e das mercadorias, demonstra o seu
poder ao impor o domínio sobre os sinos e os campanários medievais.
para as transformações processadas no final da Idade Média em relação
ao tempo e ao trabalho. De fato, se antes tais conceitos eram regidos e
dominados pela Igreja, a partir daquele momento as concepções valorativas
acerca deles passam a predominar na transição feudo-capitalista, sobretudo
nos ambientes laicos.
que as concepções de tempo e de trabalho se alteraram ao longo do tempo,
exceto na Idade Média. De fato, analisado empiricamente, o período é rico
em representações a respeito desses conceitos, sempre demonstrando a
fragilidade eclesiástica em impor seus conceitos para a população em geral.